Foi um Carlos Sainz optimista que fomos encontrar a fazer os primeiros ensaios com o Celica em terra. Este chegou no passado domingo a Oliveira do Hospital, enquanto os homens da TTE, procuravam na zona, um sitio para que se pudessem efectuar os primeiros ensaios de suspensões de terra. No entanto e de acordo com as susas palavras, todos concordariam que sera esta zona a mais interessante [Viseu] para se iniciar o trabalho.
Uma passagem por Arganil mostrara um troço duro demais para o que era solicitado, e que seria nesta altura verificar o comportamento das suspensões e pneus em condições de alta velocidade, e não de dureza excessiva de piso.
“Tentamos ensaiar de tudo um pouco. Faremos diversos testes com molas e com cargas de amortecedorew diferentes, para se tentar encontrar a melhor solução” – começou por nos dizer Sainz.
Desde manhã cedo que o espanhol procedia a diversas mudanças de suspensões: “Começámos por montar umas mais progressivas, para depois irmos mudando para as outras, cada vez mais duras, parajá as experimentadas de manhã, deram melhores resultados que estas agora ensaiadas. Não gostei e vamos mudar” – concluiu.
Na verdade um curta volta pela prova especial de classificação tinha trazido o piloto de volta para o local de assistência, onde a expressão não era de grande contentemento. Pacientemente os mecânicos tornaram a desmontar tudo, para montar o metrial diferente (novo), com vista a nova passagem.
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Lá partiu o espanhol para mais uma passagem no troço de Viseu.
Desta feita o Toyota pareceu um pouco mais solto de traseira quando se tentou forçá-lo a um andamento mais rápido.
Certamente se teria que mudar tudo outra vez pois era necessário continuar a tentar obter a melhor solução.
Entretanto para nós era o regresso à pressa a Lisboa, para vos dar conta de tudo, o que se passou na namnhã de ontem em Viseu.
Fonte : Jornal “Autosport” de 7 de Fevereiro de 1989
Autor do texto : Luis Caramelo
Autor da foto : Sports – Cunha/Romeiras
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De há alguns anos a esta parte a zona de Arganil tem reunido as preferências dos técnicos da marca italiana, que aí podem usufruir de condições dificeis de encontrar noutras zonas da prova.
Nos últimos anos a classificativa do Piodão acolheu a “caravana” da Lancia, que este ano se apresentou mais [palavra iligivel], dividindo os dias de trabalho entre São Gião, a zona do Mosteiro em Folques e ainda o cruzamento da casa do guarda, em pleno troço de Arganil/Fajão.
Aparentemente esta itinerância poderá não parecer significativa, mas é-o, tal como nos referiu o eng. Limone, técnico responsável pelo trabalho que viria a ser desenvolvido:
“De facto este ano dividimos o trabalho por diferentes zonas, para podermos trabalhar em alguns dos tipos de piso que caracterizam a vossa prova. Aqui em Folques temos uma classificativa com piso “duro” e com muito trabalho de suspensões e pneus, o que não acontece na zona do “cruzamento”, onde a classificativa é bastante rápida e com bom piso. Procurámos trabalhar em zonas com condições diferentes para obtermos um resultado final tão positivo como é de desejar”.
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Conversámos com os técnicos da Lancia e Michelin, o Lancia Integrale chegava de mais algumas passagens no improvisado troço e, deixando-os nas suas funções, ouvimos o seu piloto, Rafaelle Pinto:
“Este trabalho é muito importante até para permitir uma certa confiança aos pilotos, que se sentem muito mais motivados. Uma prova disso é, sem dúvida, o resultado do Rali de Monte Carlo, onde por exemplo as escolhas de pneus procuparam muito menos os nossos pilotos que noutras equipas.”
Pronto para ensaiar mais um tipo de molas e amortecedores, “Lelle” Pinto ainda aproveitou para referir o seu desagrado em relação às condições climatéricas, que se mostravam algo instáveis:
“Aqui, o tempo nesta altura é assim tão instável ou é temporário? Pessoalmente preferia que ele se decidisse ou pelo sol ou pela chuva.”
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Na Lancia existe um rotatividade entre os pilotos que realizam estes testes e Markku Alen não se mostrou nada aborrecido com a tarefa que lhe coube em Portugal:
“Gosto muito deste rali e estou bastante satisfeito com os resultados que temos vindo a obter, pois têm-se revelado bastante positivos.”
Durante os ensaios Markku Alen não viria a ser muito feliz, já que no primeiro dia “partiu” o motor do Lancia e no segundo, quando testava a eficiência da “mousse” nos pneus não reforçados, viria a ter problemas na caixa de velocidades dando por terminados os trabalhos na terra:
“Não é nada de preocupamente, são situações normais neste tipo de trabalho, até porque os carros utilizados são normalmente carros já com bastantes quilómetros”, afirmou Markku Alen, encostando o Lancia e partindo no Mercedes 200 que estava a utilizar para reconhecer as classificativas da região centro.
Era então altura de “Lelle” Pinto tomar os comandos do Lancia com especificações de asfalto e iniciar o trabalho nesse tipo de piso.
Fonte : Jornal “Motor” de 14 de Fevereiro de 1989
Autor de texto e foto : José Silva